top of page

PERMITA-SE

I – Quando passei de baixo do rabo do peixe, vi que a vida era mais azul.

 

II – Aceitar escrever tolices à beça, para cantarolar a noite com as luzes.

 

III – Espremi a luz na porta para que ela não invadisse o escuro. Mas ela veio carregada de estalos, teima entrar por qualquer fresta.

 

IV – Tentei admirar uma lata que transporta pessoas, mas continuo pensando que aquele lugar cheio de ciscos é mais aconchegante.

 

V – Estou ouvindo marimbondos cantando uma prece. Eles dão valor de deus aos amigos que acompanham.

 

VI – Quem nos habita? pergunto. Eu mesmo, respondo. Sou eu dentro de nós.

 

VII – Silêncio que faz barulho, modifica o sentido das coisas.

 

VIII – Vejo a beleza das coisas só depois que uma tempestade a inunda. São os privilégios da imundice.

 

IX – Quando alcançamos a intimidade do mundo, ainda não conhecemos a nós mesmos.

 

X – Lugar das coisas que não se pretendem, que não levam a nada. Esse é o nosso lugar.

 

Esses são passos para a transfiguração generosa de um passarinho em clínica.

E o que há de mais leve, sustenta as ideias insanas de quem poetisa.

Tolices incontáveis em números romanos

MARIANA BRANDÃO

P  S  I  C  Ó  L  O  G  A
CRP 07/24212
bottom of page